sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sem querer ser piegas, algo sobre amor



      O que vou dizer, milhares de homens nobres já o disseram, poetas elevados já o cantaram: amor. “Nossa, Jefferson! Mas isso soa muito piegas e batido, não?” Aparentemente, sim.
Ainda que não tenha eu, não tenhamos nós, suficiente experiência em amar – fosse o contrário, o mundo estaria como está? – a pouca que resta, a qual busco encarar seriamente, me diz que não há saída para o homem senão através disso que se chama amor.
Ora, mas afinal o que é isso? Arriscaria dizer que, basicamente, é uma energia de união e harmonia. Claro que há infinitas expressões dessa energia, muitas das quais, de início, separatistas e desarmoniosas. Pense na velha e conhecida história do pai que leva o filho ao dentista, a despeito de toda reclamação e desagrado da criança, e veremos que, para atingir seus fins, por vezes a dor faz parte do amor.
Se pensamos no nosso corpo, vemos que ele o expressa de modo bastante peculiar. Atualmente, já se sabe que a saúde está relacionada ao nível de alcalinidade/acidez do organismo. O sangue é levemente alcalino. Para isso se manter em equilíbrio, nossa alimentação e postura não devem ser predominantemente ácidas. Ora, tudo bem. Alimentação, compreende-se. Reduzir doces, frituras, substrato animal. OK. Mas o que nosso comportamento teria a ver com isso?




Pois bem. Façamos dois grupos: a) vontade, paz, união, harmonia, sabedoria, fé, ordem; b) preguiça, ansiedade, ódio, ignorância, descrença, desordem. Não é necessário ir muito longe para encontrar resultados de estudos sobre doenças psicossomáticas, informando que o grupo b, corrosivo e ácido, se manifesta no corpo como acidez orgânica.
 O pH da saliva de uma pessoa saudável vai de 7.36 a 7.42, levemente alcalino; enquanto o de uma pessoa com câncer é ácido: entre 4.5 e 5.7. A preponderância de acidez é doença. Posso compreender, então, por que a farmácia vende tanto antiácido (o famoso sal de fruta); e também por que vovó sempre dizia “sentir raiva de alguém, você é o primeiro a se prejudicar”.

Penso nisso tudo com frequência. Vejo que mesmo órgãos sociais e empresariais que qualquer comunista enxergaria, digamos, como pouco amorosos, ainda sim, embora gerem toda a sorte de consequências atreladas ao grupo b, erguem sua estrutura de funcionamento  com base no grupo a. Parece-lhe sensato supor que grandes empresas tenham alcançado êxito sem harmonia de ações, ordem de materiais e união de vontades e esforços?
Neste final de texto, não queria me estender, muito menos parecer distanciado da realidade, pouco pragmático, porém talvez nos ajude a compreender um pouco o tão falado magnetismo se olhássemos para além de nossa atmosfera. Mas não precisa ir longe. Olhar para o alto e constatar a perfeita ordem. “Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel”, como diria um compositor (lá vou eu, querendo posar de cult).
Se bem que já não mais consideram integrante Plutão, nosso sistema solar segue unido, eras a fio; uma estrela, ao centro, rege o curso harmonioso dos planetas, que são como filhos*. “Mas é claro que o sol / vai voltar amanhã”, de modo tão preciso, permitindo ao mais simples homem um lampejo de sabedoria cósmica. 
Fotos de satélite mostram galáxias... paz.

*A mesma força de atração que une corpos celestes une pessoas.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tão trabalhoso quanto ir do um ao múltiplo é ir do múltiplo ao um.



 Do um ao múltiplo

Em termos físicos, o movimento primeiro para a execução de dada ação, visto que inédito, é temporalmente mais extenso que o posterior para a mesma ação.
Tem-se:
  
 
  Isto é, para a realização de uma mesma ação, o movimento realizado tende a demandar menos tempo que o movimento anterior, até que se atinja o Ponto de Exaustão Funcional. Tal ponto é aquele em que o corpo alcança o ápice da sua funcionalidade e desempenho, a partir de onde tais qualidades decrescem.
Isso é válido tanto para os seres que possuem quanto para os que não possuem sistema nervoso. Em algumas situações do cotidiano, se vê isso:
- Um pedaço de madeira responde mais demoradamente à primeira aplicação de resina do que à segunda.
- Alguém que se proponha a construir um muro pela primeira vez levará mais tempo do que o levaria alguém já experiente nisso.
A dificuldade, aqui, reside na relatividade quanto ao Ponto de Exaustão Funcional, ou seja, na impossibilidade de se prever o exato momento em que cada corpo se exaure.
Entretanto, no nível psíquico (emocional-mental), tal regra não se aplica integralmente. Isso porque, embora o primeiro movimento demande ainda mais trabalho/energia, entretanto não há neste nível o que aqui se chama PEF. Ao contrário, quanto mais se sente e se pensa, mais apto se está a sentir e a pensar, ad infinitum.


Do múltiplo ao um

Sobre a segunda parte da proposição, “Do múltiplo ao um”


Em termos ontológicos e epistemológicos, o mesmo tempo (trabalho/energia) que o ser gasta para sair da primeira experiência e chegar à experiência total (trajetória ascendente), ele leva para realizar o inverso (trajetória descendente).
No primeiro percurso, (1-10 , 0-5), o ser material (físico, emocional, mental) realiza toda sorte de experiências. Ele sai do zero, puro ser ou essência; passa ao um, essência em expressão; e chega ao que, arbitrariamente, (inclusive simbolicamente) é denominado “dez” ou “ponto dez”, cuja representação é a da completude. Várias são as mitologias que citam tal algarismo como sendo representação da perfeição humana, o homem que encontrou o divino. A completude. Mas de quê? No presente trecho parabólico em questão, decerto, não a de sua essência, mas a da contraparte material desta. Nesse ponto, sob a ótica do que é necessário à sua autorrealização, ele já terá tudo agido, sentido e pensado.

        No segundo percurso da trajetória, (10-1 , 5-10), o ser caminha não mais em direção à densificação, mas rumo à sutilização, antessala da unificação. Ele não mais almeja qualquer tipo de experiência, mas a síntese de todas aquelas já vividas, dentro de um prazo divinamente previsto (de que o número dez no eixo tempo é símbolo); busca a transformação do múltiplo em um ou dos vários sons em uníssono. Posterior e possivelmente, do um em zero ou do uníssono em silêncio.








quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Criação


31. Harmonia e geometria são atributos tanto da arte quanto da ciência. E na natureza, ambas são uma única coisa. Ingenuidade seria supor que beleza e praticidade sejam entidades incompatíveis.
Tome como exemplo duas barras de ferro: a) uma enferrujada e torta; b) outra, limpa e simétrica. Pergunte a qualquer criança qual das duas é a mais bonita; e a um engenheiro qual delas é a mais funcional. Encontrará b como resposta.

A partir da harmonia
e da geometria:
cria ...nça se encanta;
homem constroi;
universo cria.

(Trecho do segundo livro - em fase de conclusão e visando à publicação)

domingo, 23 de setembro de 2012

Sobre o desejo por certo alimento


Segundo leis mais amplas, o desejo de consumir determinado alimento é tão aparentemente banal quanto essencialmente ilegal. É preciso a distinção entre desejo e necessidade. O vício impele o indivíduo a rejeitar tudo o que não seja o seu objeto. Daí, nasce a ingratidão. Que não tenhamos de, necessariamente, passar pela provação da escassez, tão às portas do século XXI, para aprendermos a lição de que todo e qualquer alimento verdadeiro é sagrado. O suprimento é infinito quando se é grato.
A saúde, assim como qualquer estado de harmonia, é resultado do cumprimento das Leis Universais. A reflexão, a interiorização, a meditação, a oração, a contemplação, todas abrem as vias intuitivas de percepção e consequente vivência de tais Leis.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sobre vaidade

A vaidade gera desvitalização. A partir do desejo de prestar ajuda que não tenha sido solicitada ou que não se tenha mostrado evidentemente necessária é que se exaurem as energias vitais. O desejo pessoal de se tornar Deus – Mestre, Salvador – em relação a outro ser é tão imaturamente ilusório quanto presunçoso, vão e dispendioso. Principalmente neste ponto, a humildade está associada à Lei Universal da Economia. 
Desse modo, nenhuma enfermidade física é punição, mas somente consequência direta da transgressão da Lei, que busca sabiamente por meio daquele desajuste-reajuste físico tornar legal o ilegal, econômico o antieconômico, dentro da perspectiva do Direito Cósmico.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sobre Desenvolvimento e Justiça



Parte I

O dever é abstrato; a tarefa é concreta. A origem do dever é o arquétipo cósmico para o homem. Origem da palavra: do grego, deontós “o que é preciso”. Isto é, aquilo que é necessário que o homem realize para que sua tarefa se cumpra dentro do organismo planetário. Sendo assim, o que proporcionaria desenvolvimento pleno à consciência humana? O que estabeleceria plena justiça entre os homens?
“Não matarás”, por exemplo, em última instância, não é ordem-obrigação, haja vista o livre-arbítrio. Há o poder-fazer-algo. A possibilidade é sempre dada ao homem. Tudo lhe é, em verdade, possível; embora nem tudo lhe seja “devível”. Isso porque a tarefa a que um homem possa se propor é humana, mas o dever a que se propõe cumprir, não; é sobre-humano, é imaterial, é consciencial. O papel do Direito seria o de concretizar, de materializar regulamentando, normatizando, especificando os detalhes e intuindo o dever imaterial subjacente a cada situação, essa lei imanente à consciência humana. Daí, sua qualidade atemporal.
O que se diz de evolução ética é somente uma aparência, porquanto numa fase humana primitiva não que o código de ética fosse outro menor, isto é, o dever fosse frouxo ou incipiente. Ele é o mesmo. A Lei é única. O que mudam é o ser humano e a largura de sua consciência, a partir da qual ele vê mais ou menos ampla e claramente o dever que lhe cabe em determinado círculo ou situação.
Nesse sentido, embora parecesse “devível” ao homem primitivo matar animais e/ou se alimentar deles, isso não implica que:

1)     o dever para aquele era um e para os homens atuais seja outro;
2)     o ser humano atual tenha o dever de matar animais e/ou de se alimentar deles, dado que está dentro de uma conjuntura totalmente diversa.

O dever absoluto sempre foi “não matar”. A capacidade humana de compreensão é que é relativa. Há um dever (desdobramento e especificação do Dever Único) para cada situação.
Percebê-lo claramente em todas as ocasiões é a meta. Entretanto, ainda não se alcançou esse estado de consciência, e o que se faz é algo pessoal, i.e., a ação é resultado do livre-arbítrio (superfície da mente), não da percepção clara da ação justa, em consonância com o dever.
É, inclusive, desse estado de inconsciência que nasce um perigoso jogo de interesse em que o indivíduo é aplaudido, elogiado e recompensado por simplesmente cumprir com o dever. A causa disso está no descumprimento do dever por parte de quase todos. Como é raro se cumprir com o dever, os que o fizerem podem passar a ser recompensados.
Isso, embora pareça inócuo, tem efeito desastroso sobre o organismo social:

·         O indivíduo se cristaliza em torno da falsa ideia de que o dever é para ser cumprido somente se houver recompensa;
·         Nesse sentido, o que deve ser feito pode meramente não ser percebido ou mesmo abandonado. A partir do momento em que o livre-arbítrio entra em jogo, praticamente o dever é obscurecido pelo querer.

A História evidencia: de um lado, o interesse e o desejo do Homem possuem força capaz de elevar ou de desvirtuar os mais altos propósitos; de outro, sua capacidade é limitada, mesmo a de fazer o bem.
Daí, constata-se que o legislador – o homem de Direito, assim como outro de qualquer profissão – tem a responsabilidade de buscar ir além do livre-arbítrio, ou seja, buscar transpor um mecanismo não-neutro, parcial, passível de tendências e quereres que obnubilam o alcance de uma ação suficientemente justa.
Se alguém compreende que na ordem cósmica não há falhas; órbitas e translações perfeita e harmoniosamente regulares; ciclos cronológicos tão espantosamente gigantescos quanto precisos; a colaboração de tudo quanto é visível e invisível no sentido de manter o fluxo de VIDA; então, se alguém almeja ordem, perfeição, harmonia, precisão e Vida neste planeta, portanto isso não será implantado enquanto as mesmas leis superiores que regem a ordem cósmica extra-planetária não se refletirem nas leis planetárias.
Tanto no plano terrestre quanto cósmico, a precisa decisão tem o nome de Justiça. Sob sua regência, o positivo que se encaixa de maneira justa e precisa dentro do negativo; o espaço que é justa e precisamente preenchido. Então, a etimologia de dever tem e faz duplo sentido.
O justo cumprimento do Dever pede justa decisão. Visto que o Dever/Lei/Ordem perfeita é supra-humana (cósmica) e que a decisão/Legislação/Ordenação imperfeita é humana (ou alguém, em sã consciência, diria o contrário?), então a justa decisão/ Legislação humana, considerada enquanto tal, deve ser espelho do Dever/Lei supra-humana (isto é, da lei que supera a qualidade mental humana).
Se alguém compreende que o livre-arbítrio provém da mente humana; e a intuição, de sua supramente, logo se tem que a decisão justa não pode prover do livre-arbítrio mental, mas da intuição supramental.
Daí, que a decisão justa e acertada não está, necessariamente, em conformidade com o Direito humano, mas com a Lei supra-humana. Logo, ainda que alguém possa não saber explicitar os pormenores da ilegalidade da prática de aborto doloso, se alguém compreende que o “não matarás” é uma Lei Cósmica, Lei de Manutenção do Fluxo de Vida, tem-se, portanto, que o que fere a Lei Cósmica, haja vista sua perfeição, não pode ser considerado legal, ainda que o Direito humano tenha a possibilidade de legislar o contrário.


Parte II

A imparcialidade/neutralidade é pressuposto do desenvolvimento e da justiça, visto que o envolvimento e a injustiça são parciais/polares.
Isso porque é aparente e relativo o desenvolvimento das coisas com as quais nos encontramos apaixonadamente envolvidos. Como foi demonstrado, se ao Dever não cabe beneficiar este ou aquele, se é pura expressão do que deve-ser-no-agora, então o dever-justiça é neutro. Daí que se chega à constatação de que não se pode haver pleno desenvolvimento através apenas do livre-arbítrio mental, mas pelo cumprimento do dever supramental, visto que aquele leva ao envolvimento devido à polaridade ao passo que este, ao desenvolvimento devido à neutralidade.
Se bem que possa haver decisão-livre-arbítrio-mental que se aproxime da justiça, tem-se que a precisão e a justeza daquela serão limitadas, por mais apurada que tal decisão possa ser. Há grande distância entre o arbítrio consciente e o arbítrio supraconsciente, ou seja, entre o pensamento e a intuição. Aquele é parcial na medida em que:

1) A decisão mental, enquanto fruto de um dos corpos da personalidade egóica (a qual é composta pelos corpos físico, emocional e mental), tende naturalmente a priorizar o benefício do eu. Ora, o que beneficia prioritariamente o eu não necessariamente beneficia o grupo que o inclui. Logo, a decisão mental não garante plena justiça.

2) Mesmo na hipótese de que a decisão mental não vise conscientemente ao benefício individual, mas ao grupal, outros grupos podem não ser comtemplados.

3) Ainda que todos os grupos do Reino Humano fossem contemplados, pela decisão tomada, algum outro Reino planetário poderia estar sendo prejudicado, o que, a bem da verdade, é o que vem ocorrendo.

Além de parcial, como demonstrado acima, o pensamento humano (por meio do livre-arbítrio) é polar, na medida em que:

1) O positivo se opõe absolutamente ao negativo. A oposição gera total mas não relativa exclusão.

2) Nesse sistema lógico, não há o absoluto que vê a parcela de positivo presente no negativo e vice-versa.

3) No caso de vinculada, a estrutura mental, tão somente ao princípio lógico de não-contradição, não alcança a percepção de que para além da aparência polar do que está existe a essência neutra do que é.

4) O que é – o que deve-ser-no-agora – não é alcançado, pois se não é perceptível que há algo de X em Y e algo de Y em X, a essência daquilo que está majoritariamente constituindo X ou Y não pode ser percebida, uma vez que o conjunto vazio, a neutralidade única, é subjacente a todo e qualquer conjunto.
Se se concebe que pura e absolutamente X é somente X; e Y, somente Y; não se chega ao equilíbrio sintético que pressupõe a neutralidade. Isso porque o relativo não inclui o absoluto, mas o absoluto inclui o relativo. Em outras palavras, a mente, visto que relativa-polar, faz uso de mecanismo absoluto para ascender ao absoluto; ao passo que a intuição, visto que absoluta[1], faz uso de mecanismo relativo para descender ao relativo.
Daí que o que deve-ser-no-agora faz-se necessário partir não da absoluta dissolução mental, mas da relativizada absolvição intuitiva[2]. O deliberador será tanto mais capaz de estabelecer firme e precisamente o que deve-ser-no-agora quanto maior for a precisão de ver intuitivamente o quanto de positivo há no negativo e vice-versa, isto é, a partir de um plano imaterial de síntese, deliberará com precisão sobre o material em análise. Ele, deliberador, partirá do neutro conjunto vazio inerente a todo conjunto e, da essência para a aparência, chegará a uma decisão ampla, visto que a origem desta está na essência de tudo, portanto, conhecedora de tudo, não incorrerá em imparcialidade ou polaridade, mas será a própria manifestação da justiça, haja vista que aquele que conhece as partes não pode dizer perfeitamente sobre o todo, mas aquele que conhece o todo pode dizer perfeitamente sobre as partes.


Parte III

Como exposto anteriormente, nos exemplos de parcialidade, a perfeita e justa decisão se torna humana-mental-matematicamente inviável. O que deve-ser-no-agora só pode ser suficientemente cumprido a partir de decisão que provenha de um nível superior ao mental, ou seja, de um nível que não esbarre na limitação matemática inerente à capacidade combinatória mental.
Finalmente, haja vista que a deliberação intuitiva não contemplará cegamente apenas X ou apenas Y, mas o quanto e o que de X há em Y; assim como o quanto e o que de Y há em X; conclui-se que somente um mecanismo supramental, a saber, a intuição, tem condição de estabelecer plenamente, devido à sua natureza imparcial e neutra, o que deve-ser-no-agora, permitindo que o verdadeiro desenvolvimento, o da consciência fraterna, e a verdadeira Justiça sejam o próprio caminho humano.




[1] Absoluto: do latim, -ab (longe, distante) e –soluto (dissolvido em); portanto, aquilo que não é dissolvido, decomposto em duas ou mais partes, mas único e indivisível.
[2] A mente, como demonstrado, tende naturalmente a separar absolutamente o positivo do negativo. Entretanto, a intuição consegue ver o quanto de positivo há no negativo e vice-versa. A partir de um plano de certeza, ela vê a relação entre os dois pontos de dúvida. Ao saber o quanto, ela também sabe o que de positivo há no negativo, de modo que sua decisão é específica e inédita, porquanto nada se repete; e pode até parecer insensata ao ser mental, visto que ultrapassa o raciocínio lógico. 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sagesse Naturelle

Être comme un fruit,
que, sous pression,
murît.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Unidos, em busca da paz

by Jefferson Neto on Thursday, December 15, 2011 at 9:02am · (dados da publicação original)

A guerra externa coletiva é o resultado da guerra interna individual.
Podemos conceber isso, entretanto, podem surgir questionamentos:
- Como posso contribuir com a paz se o mundo vive em guerra?
- Independentemente do que eu faça, tudo continuará como está. Quem sou eu diante dos governos e de suas decisões?
Imaginemos, de início, uma semente. Se for ruim e malsã, não brotará, ou produzirá maus frutos; se for boa e sã, decerto brotará e produzirá bons frutos. Do mesmo modo ocorre conosco. Nossas ações, sentimentos e pensamentos de paz são sementes de uma futura exuberante natureza e vida. Mas como andaremos pelas florestas da harmonia se não começarmos a semeadura?
A mais avançada ciência natural tem, hoje, recursos para provar empiricamente o que, ontem, os sábios gregos já enunciavam filosoficamente: tudo é uno (“no ser e como ser o uno une tudo o que é”)(Cf.Heidegger, Heráclito, 1973a, p. 275). Nesse sentido, é o que expõe o físico austríaco Fritjof Capra:
“Matéria e espaço vazio — o todo e o nada — eram dois conceitos fundamentalmente distintos, nos quais se baseava o atomismo de Demócrito e Newton. Na relatividade geral, estes dois conceitos passam a ser inseparáveis. Onde quer que exista um corpo com massa, existirá também um campo gravitacional, e tal facto manifestar-se-á na curvatura do espaço que o rodeia (...) Assim, na teoria de Einstein, a matéria não pode ser separada do seu campo de gravidade, e este não pode ser separado da curvatura do espaço. Espaço e matéria são pois tomados como partes inseparáveis e interdependentes de um único todo. (...) Assim, a física moderna veio uma vez mais mostrar-nos— e desta vez a um nível macroscópico—que os corpos materiais não são entidades distintas, mas que estão inseparavelmente ligados ao mundo que os rodeia (...) Daí a noção de um «campo quântico», isto é, um campo que pode assumir a forma de quanta, ou partículas. (...) Nestas «teorias de campo quânticas», o contraste clássico entre partículas sólidas e espaço circundante é completamente ultrapassado. O campo quântico é tido como a entidade física fundamental; um meio contínuo que está presente em toda e qualquer parte do espaço. As partículas são meras aglomerações locais do campo”. [grifo meu] (CAPRA, O Tao da Física, p. p.173, 174)
Capra mostra-nos que um campo quântico de fótons pode assumir a forma tanto de quanta (energia) como de partículas (matéria). Em outras palavras, ele nos diz da inseparabilidade de matéria e energia (espaço sub-atômico). Trata-se de um todo.
Vamos conceber a imagem de uma teia que uma pequena e dedicada aranha tenha elaborado. Qualquer criança é capaz de perceber que se determinado ponto da teia recebe um estímulo, todos os outros vibram, respondendo àquela ação. O universo é a teia e o que sai de nós são estímulos que fazem vibrar toda a malha.
Dessa maneira, observemos os estudos de Gregg Braden[1]:
“Este experimento foi levado a cabo pelos militares.
Foram recolhidas amostras de leucócitos (células sanguíneas brancas) de um número de doadores. Essas amostras foram colocadas em um local equipado com um aparelho de medição das mudanças elétricas. Nessa experiência o doador era colocado em um local e submetido a "estímulos emocionais" provenientes de videoclipes que geravam emoções ao doador. O DNA era colocado em um lugar diferente de onde se encontrava o doador, mas no mesmo edifício.
Ambos, doador e seu DNA, eram monitorados e quando o doador mostrava seus altos e baixos emocionais (medidos em ondas elétricas) o DNA expressava respostas idênticas e ao mesmo tempo. Não houve lapso e retardo de tempo de transmissão. Os altos e baixos do DNA com os altos e baixos do doador. Os militares queriam saber o quão distantes podiam ser separados o doador e seu DNA e continuarem observando este efeito. Pararam de experimentar quando a separação atingiu 80 quilômetros entre o DNA e seu doador e continuaram tendo o mesmo resultado. Sem lapso e sem retardo de transmissão. O DNA e o doador tiveram as mesmas respostas ao mesmo tempo.
Que significa isso? [O cientista] Gregg Braden diz que as células vivas se reconhecem por uma forma de energia não reconhecida anteriormente. Essa energia não é afetada pela distância e nem pelo tempo. Essa não é uma forma de energia localizada, uma energia que existe em todas as partes e todo o tempo”. (BRADEN, O DNA e as Emoções).
Ainda nessa linha, estão os experimentos do japonês Masaru Emoto – os quais ganharam maior notoriedade depois de veiculados no filme “Quem somos nós?”. Em suma, o método: recolhimento de amostra de água; exposição a diferentes tipos de estimulação (sonoro-musical e verbal; escrita; emocional; e mental); congelamento da amostras; retirada e exame no microscópio. Seguem fotografias do resultado de algumas amostras:




Variações Goldberg, de Bach.

Recapitulando: 1) o conceito exposto em Heráclito de que tudo é um; 2) os estudos de Capra, que mostram a existência de campo energético que a tudo permeia e une; 3) os estudos de Gregg Braden sobre DNA e as emoções; 4) os resultados de Masaru Emoto, nos quais se demonstra que a forma física dos cristais de água se altera segundo toda a sorte de vibração de onda (sonoro-musical e verbal; escrita; psíquica).

Decorre disso, primeira conclusão:
- Tudo está interligado, de modo que toda e qualquer ação física (sonora, verbal, escrita, motora etc) ou psíquica (emocional, mental, anímica) produz resultados (no todo) qualitativamente proporcionais aos estímulos dos quais se originaram.
Associando a tais dados a informação básica de que somos (corpos físicos e superfície terrestre) compostos de água na aproximada proporção de 70%, desse modo, parece-me não haver forma mais direta de contribuirmos com a paz – tão necessária no presente momento planetário – senão assumindo um pequeno esforço reflexivo no sentido de uma conduta mais pacífica nos campos:
1) físico: Muitas vezes, ainda que inconscientemente, usamos palavras, gestos, movimentos que violentam a nós mesmos e aos que convivem conosco. É possível que nossas palavras e ações se aproximem da paz e da harmonia?
2) emocional: mesmo sem expressá-los, frequentemente acabamos por remoer sentimentos e emoções negativas. É possível perdoarmos, com agilidade, a si e aos outros?
3) mental: em muitos momentos, agimos violentamente quando saturados de uma emoção violenta, a qual tem raiz num pensamento violento que cresceu desmesuradamente. É possível trabalharmos a vigilância ao que pensamos?
Sim. Sempre é possível contribuir. O trabalho começa a partir de cada um. Cada qual pode se trabalhar e se melhorar um pouco. Não se trata de esperar que a paz se aproxime de nós, mas de nós nos aproximarmos dela. Não é necessário aguardar que algum governo a institua, mas cada um de nós pode começar a instituí-la em si próprio. Daí, as palavras de Gandhi “Seja a mudança que você deseja para o mundo”. Nossa postura nos afeta e, simultaneamente, a tudo que nos rodeia.
Contribuímos com a pacificação das guerras externas, propriamente ditas, à medida que cada um nós pacifica a guerra em si.




REFERÊNCIAS:
- BRADEN, Gregg. O DNA e suas emoções. (versão eletrônica)
- CAPRA, Fritjof. O Tao da Física: Uma exploração dos paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental. Lisboa: Editorial Presença, 1989.
- EMOTO, Masaru. Messages from water. (versão eletrônica)
- HEIDEGGER. Heráclito. In: ROCHA, Zeferino. Heráclito de Éfeso, filósofo do Logos. r e v i s t a l a t i n o a m e r i c a n a de psicopatologia f u n d a m e n t a l ano VII, n. 4, dez/ 2 0 04.
[1] Gregg Braden: Desenhista de sistemas de computação aeroespaciais da Nasa e geólogo chefe da Phillips Petroleum




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Fogo


Sempre existe algo maior. Há alguns instrutores que usam a imagem da vela. Uma chama exterior, diferente daquela central. Se repararmos bem, a chama central é exterior em relação a uma mais central e assim por diante. Se perguntam "como é a chama?". Depende... qual delas?
Vamo-nos tornando mais sensíveis à medida que buscamos não fazer nem ver tudo sempre do mesmo jeito. A maior sensibilidade será a maior aptidão em perceber ágil, precisa e amplamente as soluções para as questões que se apresentam a todo momento.
A cada um, um fogo. Livre, espontâneo. Olhando para dentro,  isso vai sendo vislumbrado. Cada vez mais, vamos sendo o próprio fogo, que é puro movimento e transformação; que transforma a tudo o que toca; e que queima o que não se pode elevar e eleva o que não se pode queimar.
Agora há pouco, após haver escrito as linhas acima, deparei-me com as seguintes palavras de Rumi:

          “Até que você tenha encontrado o fogo dentro de si mesmo,
como o Amigo,
não alcançará a primavera da vida”.