sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sem querer ser piegas, algo sobre amor



      O que vou dizer, milhares de homens nobres já o disseram, poetas elevados já o cantaram: amor. “Nossa, Jefferson! Mas isso soa muito piegas e batido, não?” Aparentemente, sim.
Ainda que não tenha eu, não tenhamos nós, suficiente experiência em amar – fosse o contrário, o mundo estaria como está? – a pouca que resta, a qual busco encarar seriamente, me diz que não há saída para o homem senão através disso que se chama amor.
Ora, mas afinal o que é isso? Arriscaria dizer que, basicamente, é uma energia de união e harmonia. Claro que há infinitas expressões dessa energia, muitas das quais, de início, separatistas e desarmoniosas. Pense na velha e conhecida história do pai que leva o filho ao dentista, a despeito de toda reclamação e desagrado da criança, e veremos que, para atingir seus fins, por vezes a dor faz parte do amor.
Se pensamos no nosso corpo, vemos que ele o expressa de modo bastante peculiar. Atualmente, já se sabe que a saúde está relacionada ao nível de alcalinidade/acidez do organismo. O sangue é levemente alcalino. Para isso se manter em equilíbrio, nossa alimentação e postura não devem ser predominantemente ácidas. Ora, tudo bem. Alimentação, compreende-se. Reduzir doces, frituras, substrato animal. OK. Mas o que nosso comportamento teria a ver com isso?




Pois bem. Façamos dois grupos: a) vontade, paz, união, harmonia, sabedoria, fé, ordem; b) preguiça, ansiedade, ódio, ignorância, descrença, desordem. Não é necessário ir muito longe para encontrar resultados de estudos sobre doenças psicossomáticas, informando que o grupo b, corrosivo e ácido, se manifesta no corpo como acidez orgânica.
 O pH da saliva de uma pessoa saudável vai de 7.36 a 7.42, levemente alcalino; enquanto o de uma pessoa com câncer é ácido: entre 4.5 e 5.7. A preponderância de acidez é doença. Posso compreender, então, por que a farmácia vende tanto antiácido (o famoso sal de fruta); e também por que vovó sempre dizia “sentir raiva de alguém, você é o primeiro a se prejudicar”.

Penso nisso tudo com frequência. Vejo que mesmo órgãos sociais e empresariais que qualquer comunista enxergaria, digamos, como pouco amorosos, ainda sim, embora gerem toda a sorte de consequências atreladas ao grupo b, erguem sua estrutura de funcionamento  com base no grupo a. Parece-lhe sensato supor que grandes empresas tenham alcançado êxito sem harmonia de ações, ordem de materiais e união de vontades e esforços?
Neste final de texto, não queria me estender, muito menos parecer distanciado da realidade, pouco pragmático, porém talvez nos ajude a compreender um pouco o tão falado magnetismo se olhássemos para além de nossa atmosfera. Mas não precisa ir longe. Olhar para o alto e constatar a perfeita ordem. “Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel”, como diria um compositor (lá vou eu, querendo posar de cult).
Se bem que já não mais consideram integrante Plutão, nosso sistema solar segue unido, eras a fio; uma estrela, ao centro, rege o curso harmonioso dos planetas, que são como filhos*. “Mas é claro que o sol / vai voltar amanhã”, de modo tão preciso, permitindo ao mais simples homem um lampejo de sabedoria cósmica. 
Fotos de satélite mostram galáxias... paz.

*A mesma força de atração que une corpos celestes une pessoas.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tão trabalhoso quanto ir do um ao múltiplo é ir do múltiplo ao um.



 Do um ao múltiplo

Em termos físicos, o movimento primeiro para a execução de dada ação, visto que inédito, é temporalmente mais extenso que o posterior para a mesma ação.
Tem-se:
  
 
  Isto é, para a realização de uma mesma ação, o movimento realizado tende a demandar menos tempo que o movimento anterior, até que se atinja o Ponto de Exaustão Funcional. Tal ponto é aquele em que o corpo alcança o ápice da sua funcionalidade e desempenho, a partir de onde tais qualidades decrescem.
Isso é válido tanto para os seres que possuem quanto para os que não possuem sistema nervoso. Em algumas situações do cotidiano, se vê isso:
- Um pedaço de madeira responde mais demoradamente à primeira aplicação de resina do que à segunda.
- Alguém que se proponha a construir um muro pela primeira vez levará mais tempo do que o levaria alguém já experiente nisso.
A dificuldade, aqui, reside na relatividade quanto ao Ponto de Exaustão Funcional, ou seja, na impossibilidade de se prever o exato momento em que cada corpo se exaure.
Entretanto, no nível psíquico (emocional-mental), tal regra não se aplica integralmente. Isso porque, embora o primeiro movimento demande ainda mais trabalho/energia, entretanto não há neste nível o que aqui se chama PEF. Ao contrário, quanto mais se sente e se pensa, mais apto se está a sentir e a pensar, ad infinitum.


Do múltiplo ao um

Sobre a segunda parte da proposição, “Do múltiplo ao um”


Em termos ontológicos e epistemológicos, o mesmo tempo (trabalho/energia) que o ser gasta para sair da primeira experiência e chegar à experiência total (trajetória ascendente), ele leva para realizar o inverso (trajetória descendente).
No primeiro percurso, (1-10 , 0-5), o ser material (físico, emocional, mental) realiza toda sorte de experiências. Ele sai do zero, puro ser ou essência; passa ao um, essência em expressão; e chega ao que, arbitrariamente, (inclusive simbolicamente) é denominado “dez” ou “ponto dez”, cuja representação é a da completude. Várias são as mitologias que citam tal algarismo como sendo representação da perfeição humana, o homem que encontrou o divino. A completude. Mas de quê? No presente trecho parabólico em questão, decerto, não a de sua essência, mas a da contraparte material desta. Nesse ponto, sob a ótica do que é necessário à sua autorrealização, ele já terá tudo agido, sentido e pensado.

        No segundo percurso da trajetória, (10-1 , 5-10), o ser caminha não mais em direção à densificação, mas rumo à sutilização, antessala da unificação. Ele não mais almeja qualquer tipo de experiência, mas a síntese de todas aquelas já vividas, dentro de um prazo divinamente previsto (de que o número dez no eixo tempo é símbolo); busca a transformação do múltiplo em um ou dos vários sons em uníssono. Posterior e possivelmente, do um em zero ou do uníssono em silêncio.