Em certo sentido, os atributos força e poder são inversamente proporcionais. Força, em seu sentido mecânico, "é a grandeza capaz de vencer
a inércia de um corpo, modificando-lhe a velocidade ou causando-lhe deformação
temporária ou definitiva" (ab Newton).
Poder é tomado aqui como a qualidade de lei atribuída que permite a
consecução de determinado propósito.
Para atingir um objetivo, quanto menor o poder mais força é necessário e
vice-versa. Todo poder possui muita força, mas nem toda força possui muito
poder.
Já que o uso de força requer
energia, quanto maior o poder maior a economia. Então, força sem poder produz
maior desperdício que a força natural do poder.
E, ainda, entre seres humanos: a
primeira somada ao segundo tem como uma das consequências o autoritarismo, e seu efeito negativo só
pode ser evitado se o poder é exercido sem esforço, pois a interseção da força
sem poder (voluntária) com a força do poder (involuntária) é recebida pelo
outro como agressividade.
Sendo assim, a quem é atribuído o
poder de velar pelo cumprimento de determinada tarefa, em prol da harmonia e da
economia, não é necessário, para que uma ordem seja cumprida, que aplique mais
força (que se esforce, voluntariamente) além da força que naturalmente já traz
consigo o próprio poder. Somente esta é suficiente.
Finalmente, se é preciso que seja
vencida a inércia de um homem, mudar-lhe a velocidade de ação, dar-lhe outra
forma; isso não é conseguido através de uma força (externa) agindo sobre a outra
(inercial), pois isso geraria atrito-agressividade. Para além da mecânica, do
autoritarismo, da agressividade, é preciso que sobre esse homem aja não somente
uma força mecânica, mas também a força natural do poder.