terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sobre força e poder



Em certo sentido, os atributos força e poder são inversamente proporcionais. Força, em seu sentido mecânico, "é a grandeza capaz de vencer a inércia de um corpo, modificando-lhe a velocidade ou causando-lhe deformação temporária ou definitiva" (ab Newton). Poder é tomado aqui como a qualidade de lei atribuída que permite a consecução de determinado propósito.  Para atingir um objetivo, quanto menor o poder mais força é necessário e vice-versa. Todo poder possui muita força, mas nem toda força possui muito poder.
Já que o uso de força requer energia, quanto maior o poder maior a economia. Então, força sem poder produz maior desperdício que a força natural do poder.
E, ainda, entre seres humanos: a primeira somada ao segundo tem como uma das consequências o autoritarismo, e seu efeito negativo só pode ser evitado se o poder é exercido sem esforço, pois a interseção da força sem poder (voluntária) com a força do poder (involuntária) é recebida pelo outro como agressividade.
Sendo assim, a quem é atribuído o poder de velar pelo cumprimento de determinada tarefa, em prol da harmonia e da economia, não é necessário, para que uma ordem seja cumprida, que aplique mais força (que se esforce, voluntariamente) além da força que naturalmente já traz consigo o próprio poder. Somente esta é suficiente.
      Finalmente, se é preciso que seja vencida a inércia de um homem, mudar-lhe a velocidade de ação, dar-lhe outra forma; isso não é conseguido através de uma força (externa) agindo sobre a outra (inercial), pois isso geraria atrito-agressividade. Para além da mecânica, do autoritarismo, da agressividade, é preciso que sobre esse homem aja não somente uma força mecânica, mas também a força natural do poder.